domingo, 9 de dezembro de 2018

JOSÉ AUGUSTO VARELA


Nasceu José Augusto Varella no sítio Recreio, município de Touros, hoje Barra de Maxaranguape, estado do Rio Grande do Norte aos 28 e novvembro de 1896. Seus pais, João da Fonseca Varella, herói da Guerra do Paraguai, e Inácia Cândida do Amaral Varella, vieram morar em Ceará-Mirim em 1904 quando foi concedida uma pensão ao seu pai General João Varella.
Aos oito anos, fez os primeiros estudos na escola particular de tia Naninha. As dificuldades financeiras da família não permitiram que o menino se afastasse das atividades agrícolas, no sítio da família, onde trabalhava e, nos fins de semana, em lombo de burro, transportava para a feira de Ceará-Mirim os poucos produtos da pequena propriedade.

Em 1910, o irmão mais velho, ordenado padre, oferece a oportunidade de estudar no Colégio Diocesano da Paraíba. Antes passara pelos bancos escolares do Seminário, na época uma maneira de menino pobre estudar.

Em 1917, segue para a Bahia para estudar medicina. O General Varella e o irmão Padre Luiz proporcionaram uma pequena mesada, suficiente para o estudante não passar fome. No meio do curso passa a receber ajuda de um tio, Ângelo Varella, abastardo proprietário. No 4º ano médico, foi nomeado acadêmico interno da Maternidade “Climério de Oliveira”. Em 1922, quando concluiu o curso defendeu a tese “Da Curietherapia do Câncer e dos Fibromas Uterinos”.

Em 1923, de volta ao Rio Grande do Norte, atende ao convite do Dr. Vicente de Lemos Filho, Juiz de Direito da cidade de Nova Cruz, para ali clinicar. Em seguida é convidado pelo Governador José Augusto Bezerra de Medeiros para dirigir, na Capital, os seguintes estabelecimentos: Hospital de Alienados, Hospital de Isolamento de Turbeculosos e Variolosos. É nomeado médico escolar, médico do Instituto da Criança, médico do 29º Batalhão de Caçadores. Recebia remuneração apenas do primeiro cargo.

Com a vitória da Revolução de 1930 e face à irrestrita solidariedade que emprestava ao Governador Juvenal Lamartine, deposto, vai para o interior organizar nova vida profissional em meio hostil e perigoso. Primeiro em Caicó, atendendo ao chamado do líder seridoense vitorioso Dinarte Mariz, depois Independência (hoje Pendências) e, finalmente, Macau, onde permaneceu de 1932 a 1963, exercendo, sempre, humanitariamente a medicina.

Em Macau, presta seus serviços médicos às seguintes companhias salineiras e de navegação marítima: Companhia Comércio e Navegação; Cia. Matarazzo; Cia. Costeira e Henrique Lage, além de dirigir o Posto de Saúde Pública do Estado. O seu trabalho de médico irradia-se pela vasta região do baixo rio Açu.

Em 1930, foi eleito Deputado Estadual pelo PRF, tendo o mandato interrompido pela Junta Militar da Revolução, que dissolveu a Legislação de 1930/1932.

Em 1934, elegeu-se novamente Deputado Estadual para a Constituinte 1935/1939 pelo Partido Popular. Em 09 de outubro de 1936, com um longo e importante discurso renuncia ao mandato. Este discurso marca a sua liderança na vasta e próspera região salineira. Volta, então, à sua clínica em Macau e à atividade agropecuária.

Em 1946, é eleito Deputado Federal – General Antônio Fernandes Dantas – companheiro dos tempos do Governo Juvenal Lamartine, conhecedor de suas qualidades de homem público honesto e leal – o nomeia Prefeito da Capital (1943-1945). Nos dois anos de sua administração foram arrecadados Cr$ 8,9 milhões, aplicados em obras Cr$ 3,1 milhões, em desapropriações Cr$ 0,2 mil e 60% da receita para custeio da máquina administrativa. Nenhum auxilio foi recebido do Estado ou da União.

Ainda em 1946, é eleito Deputado Federal pela legenda do Partido Social Democrático, onde permaneceu até 30 de julho de 1947. No dia seguinte, 31 de julho, assumiu o Governo do Estado, após memorável campanha eleitoral. Os dirigentes pessedistas, residentes no Rio de Janeiro, não se conformavam com o crescente prestigio do Governador. Mais fácil foi a compreensão das forças udenistas, liderados por Dinarte Mariz, José Augusto Bezerra de Medeiros e Aluízio Alves que, a exemplo do plano federal com a União Nacional em torno do Presidente Eurico Dutra, se aproximaram para ajudar a defender recursos financeiros, planos escolares e assistenciais, junto ao Governo Federal, onde a UDN ocupava alguns ministérios.

No seu governo foi iniciada a construção do Hospital Colônia de Psicopatas; foi dada continuidade a construção do Instituto de Educação, iniciada na administração Ubaldo Bezerra de Melo; iniciada e também quase concluída a construção do Quartel da Polícia militar, com recursos do Estado e mão-de-obra formada de soldados e oficiais da própria corporação; construída a ponte sobre o rio Ceará-Mirim, no município de Taipu; em convênio com o Ministério da Educação, foram construídas mais de uma centena de escolas e grupos rurais que alteraram a fisionomia do meio rural e das praias do Estado.

No seu governo foi criada a Faculdade de Direito de Natal que, mais tarde, veio a ser incorporada à UFRN. Na cidade de Macaíba, em particular, construiu a balaustrada que margeia o rio Jundiaí e urbanizou a área do antigo cais do porto.

Seu último cargo eletivo foi de Vice-Governador na chapa que tinha o Senador Dinarte Mariz para Governador (1956/1961).

Foi nomeado Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, no governo Aluízio Alves, de onde saiu em 28 de novembro de 1966 ao completar 70 anos. Foi o prêmio maior e único que recebeu durante os seus 50 anos de atividade pública. Este cargo lhe garantiu relativa tranqüilidade financeira durante o restante de sua laboriosa vida.

Foi casado com d. Maria da Conceição Varella, que faleceu em 29 de novembro de 1985 e com a qual teve quatro filhos, dezessete netos e bisnetos. Faleceu em Natal aos 14 de junho de 1976
FONTE – HISTÓRIA E GENEALOGIA

JOSÉ AUGUSTO VARELA

A palavra convence; o exemplo arrasta! Considerando esta frase e os desmandos com o uso dos recursos públicos é que decidi postar, neste espaço, a biografia do ex-governador do estado do Rio Grande do Norte José Augusto Varela.  Um homem que teve seu governo marcado pela honestidade e zelo no trato do dinheiro público.

José Varela foi eleito pelo voto popular pelo povo potiguar em 19 de janeiro de 1947, através do voto popular e direto. Assumiu o governo a 31 de julho de 1947 e governou até 31 de janeiro de 1951, quando o cargo para o mossoroense Jerônimo Dix-sept Rosado Maia.

O governador José Varela administrou o Rio Grande do Norte como se cuidasse dos recursos da sua própria casa. Na sua gestão, ninguém ousava esbanjar dinheiro ou gastar mais do que o necessário. Seus adversários e até alguns amigos não toleravam o seu zelo excessivo com o dinheiro público. Mas ele se manteve assim até o último dia do seu mandato. Quando nem se falava em austeridade, ele já dava o exemplo de como lidar com o dinheiro público sem esbanjamento e gastos desnecessários. Nestes tempos de denúncias, corrupção, escândalo e superfaturamento,quando o Poder Público está na berlinda, e a opinião pública, de olho nas compras e gastos do governo, é bom lembrar, até para servir de exemplo às novas gerações, o nome do ex-governador Zé Varela, eleito após a redemocratização do País, em 1946. Seu governo foi marcado pela austeridade, honestidade e zelo no trato do dinheiro público.

Austeridade 

Estatura mediana, cabelos grisalhos, bem penteados para trás, óculos “ray-ban” escuros, com seu temperamento controlado pela ioga, foi assim que eu conheci José Varela, no repouso da sua casa no Tirol, ao lado de D. Conceição, sua mulher, falando sobre o passado e o seu governo, que foi um dos mais severos da história política do Rio Grande do Norte. Quando era governador do Estado, não permitia que seus filhos usassem carro oficial.Usavam o seu particular. E nenhum deles tinha coragem de desobedecer à ordem do velho José Varela. Mordomia, nem falar. Em casa, as refeições eram de uma família comum de classe média. Sem ostentação. Homem simples,gostava da comida caseira do sertão.

Carneiro Assado

Durante seu governo, o presidente Eurico Gaspar Dutra foi convidado a vir ao Rio Grande do Norte. O senador Georgino Avelino, com seu gosto requintado, comprou uma caixa de vinho francês para o almoço que seria realizado no Grande Hotel. Ao ser informado do custo da caixa de vinho e do almoço, José Varela tomou uma decisão drástica:- Ele vai almoçar na minha casa um carneiro assado, que vou trazer da minha fazenda. O Estado não pode fazer este tipo de gasto supérfluo. Ele vai comer aqui o que eu como todo dia. E o senador Georgino Avelino, que comprou ovinho, que pague a conta. O governador contou este episódio numa longa entrevista que concedeu ao “Diário de Natal/O Poti” e acrescentou: “O presidente Dutra achou ótimo o almoço caseiro e não se cansava de elogiar o carneiro assado que comeu. Apenas Georgino passou alguns meses sem falar comigo. Eu disse ao presidente:  “num Estado pobre como o nosso, ninguém tem o direito de fingir que é rico. O senhor comeu hoje o que eu como todos os dias”.

Quando terminou seu mandato, no outro dia retornou a Macau, onde, reabrindo seu consultório médico, reiniciou sua vida profissional. Lá era simplesmente o Dr. Varela, o amigo de todos, que conhecia as ruas e os becos da cidade como a palma da sua mão. Era o único meio de vida que tinha para sustentar a família. No seu governo, foi iniciada a construção do moderno Quartel da Polícia Militar e implantada a Escola Agrícola de Jundiaí. Seus amigos do velho PSD (Partido Social Democrático) de Mossoró depois ele foi o fundador do PDC (Partido Democrata Cristão) no Rio Grande do Norte reuniram-se sob o comando de Duarte Filho e recolheram dinheiro para comprar um carro que lhe foi dado de presente. 

O carro foi um Plymouthamericano. Seis meses depois, José Varela reúne os mesmos amigos e, em dificuldades financeiras, diz o seguinte: “Não posso manter o carro que vocês me deram. Por isso, vim devolver o presente que recebi dos amigos”. O carro foi comprado pelo médico Duarte Filho. Apesar do seu jeitão ríspido, José Varela foi deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa, prefeito de Natal, deputado federal à Assembléia. 

Constituinte, em 1946, governador do Estado e vice-governador. Encerrou a vida pública como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, nomeado pelo governador Aluízio Alves. Exerceu cargos legislativos e executivos como se estivesse cumprindo uma missão. Um exemplo de homem público para as novas gerações. Um homem público que morreu com as mãos limpas. Nasceu em Touros, em 20/11/1896, e faleceu em Natal, em 14/06/1976.
FONTE – BLOG RAFAEL FERNANDES

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